Escolhendo Touro para cruzamento industrial – Critérios importantes para selecionar um bom reprodutor
Um projeto de cruzamento industrial vitorioso começa com a escolha das raças, ou tipo animal, mais indicados para cada caso, dependendo da região, da genética disponível e da infra-estrutura da propriedade.
A escolha correta do touro é fundamental para o sucesso do cruzamento.
A escolha de um reprodutor tem influência direta no retorno econômico do seu negócio e por esta razão este animal deve ser escolhido cuidadosamente tendo em conta o mérito genético do seu rebanho, os objetivos do seu empreendimento, o mercado que deve ser atingido e o sistema de produção e condição ambiental da sua fazenda. A escolha certa do reprodutor irá refletir no sucesso produtivo. É preciso conciliar todas as informações para que se tenha uma visão completa do animal e dos potenciais de seus descendentes, de modo que traga melhorias desejáveis para o rebanho e lucro para o produtor ao comercializar o produto final.
A melhoria alcançada em um rebanho beneficia toda a cadeia produtiva e consumidora, já que a produção de animais com qualidades superiores aumenta a rentabilidade de seus criadores, beneficia a indústria, valoriza o produto no varejo e, por fim, o consumidor, que adquire um produto de qualidade superior.
O cruzamento é um dos mais importantes processos que o criador pode lançar mão tendo em vista o aumento rápido do rendimento de seus rebanhos. Ao se escolher uma raça deve se considerar eficiência alimentar, fertilidade, resistência a doenças e longevidade do reprodutor.
Vamos falar aqui do cruzamento entre 2 raças, o Nelore e o Senepol. O Nelore é a raça que representa 80% do gado de corte brasileiro, um zebuíno muito resistente e fértil e o Senepol, um taurino adaptado com alto ganho de peso, precocidade sexual e acabamento.
Buscando a melhoria dos resultados na pecuária brasileira abordamos aqui as características do cruzamento industrial com objetivo de gerar produtos de melhor constituição, mais vigorosos e de maior capacidade de produção.
A melhor ferramenta hoje é o Cruzamento Industrial. Mas o que é o Cruzamento Industrial?
É o cruzamento entre indivíduos de raças diferentes, onde o touro é geralmente de raça pura, buscando aumentar a eficiência na produção de carne. A razão principal para se fazer o cruzamento orientado entre raças é aumentar a lucratividade (renda líquida), através do aumento da produtividade (eficiência de produção). Nenhuma raça é perfeita. Cada uma tem seus pontos fortes e fracos. O animal produto do cruzamento deverá combinar o elevado potencial de produção da raça de clima temperado com a adaptação da raça tropical. Escolhendo-se as raças apropriadas para o cruzamento, o potencial de produção e a adaptação tropical dos animais cruzados podem ser combinados ao seu ambiente – quanto mais complementares forem as raças, maior é a produtividade, e, consequentemente, maior a lucratividade. O cruzamento entre raças ou heterozigose busca gerar heterose, ou vigor híbrido, que gera produtos de melhor constituição, mais vigorosos e de maior capacidade de produção.
“Centenas de pesquisas mostram que os produtos cruzados são, geralmente, superiores aos produtos “puro-sangue” em uma ou mais características, principalmente, quando se pretende uma renda imediata.”
Realizando a combinação utilizando matrizes Nelore com Touro Senepol é possível combinar as características de adaptabilidade, ou seja, aproveitaremos a resistência e fertilidade das vacas zebu, e o ganho de peso, precocidade sexual e acabamento das raças taurinas.
Veja um exemplo:
Zebu – abate aos 32 meses com peso ideal de 16,5@.
Produto de cruzamento – abate aos 24 meses com peso ideal de 18@.
Conclusão:
O Produto de Cruzamento pesa 1,5 @ a mais que o zebu ao abate, saindo 8 meses antes. Para o Produto de Cruzamento ganhar 1,5@ extra, consome o equivalente a 3 meses a mais de pasto. Haverá então 5 meses de vantagem para o produto de cruzamento.
Falando de Taurinos
As raças taurinas adaptadas também evoluíram em regiões tropicais. Comparadas com as européias, tais raças desse grupamento têm maior resistência para calor e carrapatos e produz bem em ambiente com restrição alimentar. As características de qualidade de carne, incluindo a maciez, estão mais próximas daquelas das raças européias do que das raças indianas.
Falando de Senepol
As características mais importantes no Senepol são: a Padronização de produção, Resistencia: Tolerância ao calor, pelo zero, baixo índices de infestação de ecto e endoparasitas, criado a pasto sem necessidade de manejo especial, longevidade, vacas com 15-20 anos ainda em produção, alto desempenho reprodutivo e libido, alto índice de prenhes por monta natural, desmama com maior peso, Docilidade e caráter mocho.
O Senepol tem tamanho moderado, cor padronizada e mocho. Dessa maneira permite a obtenção dos lotes com carcaças frigoríficas mais padronizadas. Os animais Senepol apresentam um rápido crescimento, isso favorece a pecuária de corte fazendo com que o ciclo de engorda seja muito curto. São características como a elevada capacidade de transformação de pasto (proteína vegetal) em carne (proteína animal) que deixa o gado pronto para o abate rapidamente, ou seja, com maturação de peso e carcaça frigorífica em idades ainda precoces.
No cruzamento industrial no Brasil as raças mais usadas são: Angus, Bonsmara, Caracu e Senepol.
- ANGUS – Raça britanica pura – Europeu
- BONSMARA – Africander + Hereford + Shorthorn
- BRANGUS – Brahma x ngus
- CARACU – Crioulo
- SENEPOL – N’Dama + Red Poll
“O cruzamento industrial entre as raças Nelore e Senepol propicia o choque
resultante da união de indivíduos portadores de patrimônios hereditários
bastante diferentes gerando alta heterose. A alta heterose individual gerada
na progênie de Senepol combinada com as características da raça zebuína,
compondo assim o cruzamento, resulta na alta produtividade da progênie.”
Vantagens do cruzamento de matriz Nelore com Touro Senepol:
– 100% de heterose nos produtos
– Elevado potencial de crescimento
– Simplicidade na execução e flexibilidade do sistema
– Touro cobre a campo por ser taurino adaptado se desempenha muito bem em monta natural
Se o objetivo do resultado deste cruzamento é a produção de carne, os machos e fêmeas produtos do cruzamento deverão ser comercializados, não retendo novilhas cruzadas para reposição de matrizes. Para utilização dessas fêmeas como matriz objetivando heterose deve-se buscar uma terceira raça com características complementares que gerem heterose a fim de melhorar resultados.
No entanto, para o pecuarista que optar por raças adaptadas como o Senepol, abrem-se outras possibilidades na utilização dos produtos fêmeas, que não a produção de carne. Estas fêmeas são matrizes perfeitas para a formação de um plantel de cria pois carregam várias características positivas como precocidade sexual e de peso reduzindo o ciclo dentro da fazenda.
A escolha do Touro
Visando uma boa produção de bezerros, a busca e a seleção por reprodutores de bom padrão se iniciam com a aquisição de animais ou seu material genético (sêmen) de boa procedência.
Comprovações como, o exame andrológico do animal, que avalia todos os fatores que contribuem para a função reprodutiva normal do touro, além dos atestados usuais de sanidade, dando preferência para a compra de criadores com bom histórico de vendas e que, preferencialmente, ofereça garantia de valor genético.
Uma ferramenta para auxiliar na seleção das características é o DEP (Diferença Esperada de Progênie) que consiste em um valor obtido pela diferença no desempenho esperado para os futuros descendentes de um touro quando comparado à performance dos descendentes de outros touros avaliados, quando acasalados com matrizes muito semelhantes.
Aqui estão algumas orientações básicas do que levar em conta na hora de escolher um
touro:
1- Valorizar sempre as informações de DEPs de um touro. Essa é a melhor e mais precisa ferramenta para descrever o mérito genético de um animal. É com essa ferramenta que se pode realizar ganhos genéticos aditivos ao longo prazo. Os ganhos aditivos (seleção através da DEP’s) juntamente com a exploração da heterose e complementariedade das raças representam a sustentabilidade na eficiência produtiva de um programa de cruzamento industrial.
2- Adquira sêmen de um reprodutor que atenda os seus objetivos de produção e as exigência do mercado. Por exemplo, venda de bezerros esta relacionado a altas taxas de crescimento do nascimento ao desmame e portanto deve-se dar ênfase a touros que tenham alta DEP para peso a desmama. Em outra situação a venda de novilho precoce esta associada a altas taxas de ganho na fase pós desmama e precocidade de terminação, aqui a ênfase deverá ser em DEPs de peso ao ano e DEP de gordura na carcaça. Para novilhas jovens, touros com baixa DEP ao nascer devem ser escolhido afim de evitar dificuldade de parto.
3- Dar preferência para reprodutores que imprimam características de adaptação e funcionalidade. Uma genética não adaptada as condições de produção nos trópicos diminui a produção, exige mais insumos e mão-de-obra aumentando consequentemente o custo de produção. Esses atributos de adaptação são: animais de pêlo curto e liso, aprumos corretos, ossatura forte, pigmentação da mucosa ocular, testículos bem formados, temperamento dócil e capacidade termo reguladora.
4- Procurar adquirir animais de tamanho corporal adequado e condizente com o seu sistema de produção e mercado: nem tão grande que produzam novilhas de puberdade tardia, elevada exigência nutricional e dificuldade de parto e nem tão pequeno que apresentem diminuição no ganho de peso e peso de carcaça que pode ser penalizada pelo mercado.
5- Dar preferência a aquisição de sêmen de reprodutores cujos dados são provenientes de um programa de melhoramento genético que envolvam vários rebanhos e um substancial número de vacas de modo que se possa adotar uma alta pressão de seleção sobre os indivíduos (apenas 20% dos machos são destinados para reprodução). Em outras palavras, “qualidade só sai com quantidade”, ou seja ganhos genéticos são significativos em grandes populações onde é possível fazer forte pressão seletiva e descarte por produção (Fries, 1996)
Lembre sempre: “A escolha correta do touro é fundamental para o sucesso do cruzamento!”
Senepol SAN – venda permanente de touros e matrizes/doadoras, sêmen e embrião da raça Senepol. Em nosso site você encontrará mais informações sobre nosso trabalho. Clique aqui!
Abraços e até a próxima, Carolina Coelho – Senepol SAN – Genética de Peso
www.senepolsan.com.br – (67) 9980-9044 – carol@fazenadasanfrancisco.tur.br
Fontes:
Cruzamento Industrial: Processo Chave para Obtenção de Novilhos Precoces – Alexandre Zadra – https://docs.ufpr.br/~freitasjaf/artigos/cruzamentoindustrial.pdf
Site ABCB Senepol – http://senepol.org.br/sobre-a-raca/caracteristicas/
Revista Rural – CRUZAMENTO INDUSTRIAL – FAÇA A ESCOLHA CERTA! http://www.revistarural.com.br/edicoes/item/6739-cruzamento-industrial-faca-a-escolha-certa
MELHORAMENTO GENÉTICO ANIMAL NO BRASIL: UNDAMENTOS, HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA – Keppler Euclides (CNPGC- EMBRAPA)
http://coral.ufsm.br/melhoramentoanimal/textos%20reunidos.pdf
Clube de Amigos do Campo Gerdau – Parâmetros para escolha de reprodutores http://www.clubeamigosdocampo.com.br/artigo/parametros-para-escolha-de-reprodutores-1348